Adalberto Vargas é colaborador da coluna, rubro-negro fanático de Pancas (ES), publicando crônicas "quando dá na telha".
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Olhar do Torcedor: Épico - por Adalberto Vargas
Adalberto Vargas é colaborador da coluna, rubro-negro fanático de Pancas (ES), publicando crônicas "quando dá na telha".
domingo, 17 de julho de 2011
Copa América 2011 - Análise das Quartas de Final
A zebra correu solta em solo argentino neste fim de semana. Dos favoritos, apenas lembranças. Todos rumam às suas casas, provavelmente se perguntando sobre o ocorrido. Justiça? Mas o que á a justiça em um jogo onde o que vale é a bola na rede? Provavelmente os amantes do pragmatismo defensivo estão radiantes de euforia. Os tempos definitivamente mudaram. Mas será que é por aí mesmo?
Competições no formato “copa” não permitem erros na fase de definição, no mata-mata. É um estilo completamente diferente dos pontos corridos, onde a equipe tem tempo para tentar a recuperação. E por isso é mais emocionante, mais quente. O dia de um jogador pode ditar (e muitas vezes o faz) o destino de uma equipe. Rivalidade, tensão, apreensão, euforia, tristeza... tudo vai à tona de forma mais intensa, mais explosiva. E o sul-americano é o retrato maior deste estilo, é a preferência do continente. Competições européias são muito mais vistosas no fator qualitativo, mas a paixão do sul-americano pelo futebol é inegável e insuperável.
Voltando à Copa América. Vejam... à exceção do clássico do Rio da Prata, onde apontar um favorito era demasiadamente ufanista, Colômbia, Brasil e Chile eram amplos favoritos, tinham um time mais qualificado. Tinham? Pensemos... Percebam que não é uma questão de depreciação ao futebol alheio, afinal de contas não existem mais “sacos de pancada” como antigamente. Cada vez mais internacional, o mercado do futebol abriu fronteiras e culturas, e muitas escolas clássicas não são mais unânimes ou exclusivas. Todas as Seleções contam com bons jogadores, que atuam em grandes clubes da Europa e da América do Sul, com experiência em momentos de decisão e capacidade de definição. A universalização do esporte minimizou diferenças e quebrou barreiras.
Primeiro o caso colombiano. No papel e em condições normais, tem uma equipe mais qualificada que a peruana. No jogo, ditou o ritmo. Embora o Peru seja montado com um bom sistema defensivo, com toda a classe de Vargas pelo meio e a velocidade do sempre perigoso Guerrero, la Tricolor chegava em velocidade quando queria, principalmente com Moreno, Guarín e Gutierrez, levando perigo. Duas bolas na trave e um pênalti perdido em tarde completamente infeliz de Falcao García. De tanto correr e tentar sem sorte na finalização, a Colômbia cansou. Foi a receita para o Peru, que contando com duas falhas grotescas do goleiro Martínez matou o jogo na prorrogação, na base do contra-ataque. Ganhou na inteligência e no respeito às ordens táticas do surpreendente Sergio Markarián. E contando com a sorte, por que não?!
No grande clássico da rodada, alguns pontos a destacar. Primeiro e mais claro – a zaga argentina é péssima, e a equipe paga por isso. Não ganhou sequer uma jogada aérea dos uruguaios, que usaram e abusaram deste esquema; Segundo – depende demais de Lionel Messi, o que não chega a ser um absurdo (afinal, é o melhor do mundo com sobras), mas é um fator que precisa ser minimizado com urgência; Terceiro – não saber aproveitar um jogador a mais em campo por mais de 45 minutos é um pecado que pode ser fatal (como foi). A Argentina foi melhor que o Uruguai no jogo, inegavelmente. E, por incrível que pareça, a expulsão de Pérez determinou uma mudança tática na equipe celeste que foi determinante para segurar o resultado – Forlán recuado, armando como um meia avançado, com investidas rápidas de Suárez. A velha garra charrúa foi notável e brilhante. O Uruguai inchou em campo, e a Argentina apequinou. A alviceleste tinha o domínio da pelota, mas não era capaz de transpor a barreira Muslera em noite de consagração. Os contra-ataques uruguaios eram devastadores, o que não deixavam Sergio Batista à vontade para jogar sua equipe ao ataque. As modificações pontuais de Oscar Tabárez, no entanto, eram precisas e funcionais. No fim das contas, Muslera definiu a classificação uruguaia no desempate por penais, no melhor jogo da competição até então.
Na reedição do duelo da primeira fase, mudança de papéis. Se a equipe guarani buscou a vitória mais intensamente e com maior qualidade no primeiro jogo, o Brasil mandou no segundo. Prova é o número de finalizações paraguaias – 3 em 120 minutos de partida. O massacre brasileiro se deve, em muito, pelo recuo de Robinho para a meia avançada, papel que o mesmo desempenhava no Santos de 2002. Seguro e objetivo, foi disparado o melhor da equipe canarinho hoje, com passes precisos, dribles certeiros e um grande número de assistências. Ganso, bem marcado, começou a aparecer no decorrer do jogo, com o cansaço dos marcadores paraguaios. Neymar, embora continue preciosista, jogou mais para o time. Pato buscava espaços na área, e furtivamente os encontrava. No melhor jogo da Seleção nesta Copa América, a bola não entrou. Enquanto Gerardo Martino mexia no time para evitar expulsões eminentes, Mano Menezes mexia mal. Inspirado e com sorte, Justo Villar foi o nome da partida, salvando a meta paraguaia em pelo menos três oportunidades claras. Quanto aos pênaltis perdidos... melhor não comentar.
Fechando a rodada, um jogo histórico. O melhor time da primeira fase contra a maior zebra da competição. Dá gosto ver este brioso time venezuelano jogar. Um time bem treinado, bem postado, que conhece suas (grandes) limitações e suas qualidades, e que sabe fazer uso destas como ninguém nesta competição. Logo no início, na bola parada, abriu o placar e soube conduzir o jogo. A seleção chilena sentiu o golpe e não conseguiu ditar o ritmo do primeiro tempo, como esperado. A entrada de Valdivia na segunda metade foi fundamental para o domínio da equipe de Claudio Borghi, que dominou o campo de forma completa e irrestrita. A pressão foi enorme, com dois petardos na trave, boas jogadas e obrigando o experiente Vega a trabalhar. O gol foi conseqüência. Mas afoita em busca da virada, a equipe rubro-azul cedeu o contra-ataque à consciente (e sortuda) seleção vinho tinto, que reequilibrou a partida e passou à frente no marcador novamente na bola parada, com Cichero (em falha de Claudio Bravo), que ainda evitou dois gols chilenos encima da linha. O baque do feito venezuelano, aliado a um erro de arbitragem ao invalidar gol legal de Sanchez aos 43’, decretaram a derrocada chilena e, conseqüentemente, a primeira vez da Venezuela em semifinais de Copa América.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Copa América 2011 - Palpites rápidos para as quartas!
Neste momento, é impossível chutar um franco favorito. A tendência é termos mais um Argentina x Brasil na grande final, mas Colômbia e Paraguai e Chile (a equipe mais interessante desta Copa América) podem aprontar. Apesar da tradição, não creio que o Uruguai elimine a Argentina amanhã.
No primeiro confronto, entre duas equipes classicamente armadas para jogar no contra-ataque, Falcão García e cia são favoritos diante de uma boa seleção do Peru, que vai dar muito trabalho. Se entrar com seu trio ofensivo (Yotún, Vargas e Guerrero) em dia e inspirado, a seleção peruana pode surpreender nos contra-ataques rápidos e jogadas de bola parada. Mas a estrela de Falcão García tem brilhado na Copa América, e a formação colombiana em um falso 4-5-1 engana, virando um 4-3-3 em momentos de ataque puxados principalmente por Sánchez e Moreno, e vai funcionando com perfeição. Se inaugurar o marcador ainda no primeiro tempo, a Colômbia dificilmente perde a vaga nas semis.
Na Copa do Mundo, ficou provado que o Uruguai joga melhor quando Forlán é recuado, com Cavani e Suárez no ataque. Não me perguntem por que Oscar Tabárez abandonou essa formação desde então. Fato é que, com a formação atual, a Argentina vencerá o jogo. Se o Uruguai quiser complicar, deve agredir, partir para o ataque de forma consciente, explorando os inúmeros pontos fracos da defesa Argentina. Forlán não agüenta dar muitos piques durante o jogo, mas sua visão de espaço e deslocamento são fenomenais, e seus passes podem ser decisivos em uma surpresa uruguaia. Isso porque Sergio Batista encontrou sua formação “ideal” no último confronto, com Messi livre pela meia de ataque municiando Kun Agüero e Higuaín (ou Carlitos Tevez), e com certeza irá repetí-la diante da celeste. Mas como demorou para perceberem que o Messi ideal na seleção é o armador, e não o finalizador... a Argentina tem o melhor plantel do mundo quando o assunto e formação de ataque, faltava apenas fazer com que a bola chegasse até ele de forma eficiente e constante.
Brasil e Paraguai irão travar o duelo mais acirrado desta fase. No primeiro confronto, a seleção guarani não levou os três pontos por mera falta de zelo nos minutos finais, quando Fred empatou. Lucas Barrios e Roque Santa Cruz formam uma dupla de ataque interessante, mesmo com características semelhantes. Vera marca bem, e as subidas de Ortigoza, Riveros e Estigarribia infernizaram a defesa brasileira nas costas de Daniel Alves. Novamente a marcação será adiantada, e o esquema tático será idêntico. No entanto, a entrada de Maicon no lugar de Daniel Alves por si só dá mais serenidade à armação de jogadas pelo setor direito. Neymar e Ganso continuam devendo bastante. Coincidência ou não, Robinho cortou o cabelo e voltou a apresentar um bom futebol, e Alexandre Pato está voando. Com a formação-base que venceu o Equador, mesmo com os vacilos defensivos (a carga não pode ser total nas costas de Júlio César em uma defesa que não se encontra há mais de um ano), creio que o Brasil passará de fase.
Fechando as quartas, Chile e Venezuela se enfrentam em estilos que encaixam. O Chile de Cláudio Borghi é altamente ofensivo, busca o domínio de bola, agride o adversário com constância, principalmente nas investidas de Suazo e Sánchez, com Beausejour e Isla fazendo boas jogadas de linha de fundo e Jiménez organizando a distribuição, num 3-4-1-2 bem organizado. Trata-se de uma equipe que cria muito, e a única que merecia 100% de aproveitamento na primeira fase da competição. Daí seu amplo favoritismo no duelo. De forma interessante, a seleção vinotinto joga melhor quando Fedor e Maldonado saem do banco, dando maior mobilidade ao setor de ataque nos contra-ataques rápidos, com Arsimendi e Rincón organizando as jogadas laterais, que sempre caem pelo meio. A diferença está em Fedor, que está acertando tudo de fora da área na competição, e já guardou dois golaços assim. Pode surpreender o Chile nos contra-ataques justamente desta forma. De certo é que será um excelente jogo e, como já vimos, tudo pode acontecer com esta nova Venezuela.
E então, quem passa de fase? Quem leva o caneco?
Será que a zebra vai passear na Argentina neste fim de semana?
Vale tudo pela taça!Copa América 2011 - Fase de Grupos
A Copa América começou em território argentino. Muita rivalidade e tradição em jogo na segunda competição continental de seleções do mundo. E muito a melhorar também, começando pela qualidade dos estádios de nossos vizinhos (que, diga-se de passagem, não está tão aquém assim dos nossos).
Pelo Grupo A, uma bela surpresa – a seleção da Colômbia. Desde a temida geração de 1990-1994, que contava com Rincón, Valderrama, Asprilla, Higuita e cia e não levou um título de expressão por má gerência na política nacional e na Federação (coisa que só veio com a Copa América de 2001, na própria Colômbia), la Tricolor não apresentava um futebol tão interessante. Não chega a ser brilhante como em 1993 (visando a goleada histórica de 5 a 0 na Argentina em pleno Monumental de Nuñez, a maior da história da alviceleste), mas está em processo de evolução e conta com material humano para tal. A Argentina demorou para estrear de fato, o que aconteceu contra a Costa Rica sub-23, em belíssima atuação de Lionel Messi e Sergio Agüero. A Bolívia, mesmo com o surpreendente empate na estréia contra os anfitriões, foi decepcionante. E da Costa Rica sub-23 não se esperava muito, mesmo surpreendendo a fraca Bolívia em 2 x 0. A pergunta que fica é: e se a convidada fosse a equipe principal da Espanha, que se ofereceu prontamente frente ao problema do Japão?!
No Grupo B, o futebol venezuelano ganha destaque. Mesmo sem contar com nenhum jogador do atual campeão nacional (Deportivo Táchira), Fedor e cia demonstram que não existem mais seleções “inocentes” no futebol, e conquistaram um surpreendente segundo lugar, atrás do Brasil apenas no saldo de gols. Brasil e Paraguai, os favoritos do grupo, demoraram em engrenar na Copa América. Mesmo com a vitória de 4 x 2 sobre o Equador, o futebol brasileiro está em débito e não convence. Apesar do terceiro lugar e classificação dramática para a segunda fase, Lucas Barrios e cia apresentaram o melhor futebol como equipe deste grupo, e não asseguraram o primeiro lugar por displicência da equipe nos minutos finais das partidas contra Brasil e Venezuela, perdendo pontos valiosos. A seleção equatoriana, por sua vez, está em decadência desde as Eliminatórias da Copa em 2009 e começa o processo de renovação da equipe principal.
No Grupo C, os “embalos de sábado à noite” desestruturaram a base da seleção mexicana, que contou com sua equipe sub-23 no torneio, devolvendo oito atletas à América do Norte antes mesmo da estréia no torneio. Com fatores extra-campo deste nível sobre uma equipe de base, não é de admirar a pior campanha da seleção mexicana na história do torneio. Os demais asseguraram classificação relativamente tranqüila. Ao contrário do que se imaginava, o Uruguai não é sombra da equipe que sobressaiu na Copa da África no ano passado, e passou por apuros até mesmo no jogo contra o México. O melhor desempenho do grupo ficou com os chilenos, que apresentaram o mesmo futebol ofensivo da Copa passada, mas com algumas mudanças pontuais na defesa, sempre problemática na era Bielsa. A equipe peruana apresentou uma evolução significativa em relação às Eliminatórias de 2009, mas depende demais de Guerrero.
As quartas de final estão definidas:
Colômbia x Peru – Sábado, 16:00 h (Córdoba)
Argentina x Uruguai – Sábado, 19:15 h (Santa Fé)
Brasil x Paraguai – Domingo, 16:00 h (Ciudad de La Plata)