segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um novo calendário para o futebol

Acabaram os Estaduais no país do futebol. Mas hoje o post não retratará a alegria dos campeões ou a melancolia dos vices.

Vivemos em uma sociedade onde o tempo se esvai. Isso se aplica ao futebol, especialmente ao brasileiro. Os Estaduais, campeonatos de grande tradição e rivalidade, são hoje tachados apenas como estorvos de calendário, competições que muitas vezes atrapalham o rendimento de determinadas equipes no ano. Se formos analisar friamente, a acusação tem fundamento. Somos o único país do mundo a organizar campeonatos neste modelo, nosso calendário está inchado e não seguimos a padronização européia e, recentemente, sul-americana! Então vem a pergunta... dá pra continuar?

A questão não é tão simples como parece. Não podemos esquecer que a CBF está sob gerência da CONMEBOL, e seu calendário deve comportar as competições sul-americanas de clubes. Isto interfere especialmente na Copa do Brasil, onde os clubes participantes da Libertadores, a princípio os melhores do país, são vetados... por falta de espaço no calendário! As duas competições são simultâneas. Culpa da CBF? Não...

Por que a CONMEBOL, tal como a UEFA, não alinha as Copas Libertadores e Sul-Americana? Hoje, a segunda competição do continente é completamente desvalorizada, e sua serventia assegura apenas a vaga do campeão na Libertadores do ano seguinte. Nenhum clube se importa de fato com a Recopa continental. O alinhamento das competições permite a mudança das regras da Sul-Americana, onde os eliminados com melhor rendimento da Libertadores seriam aproveitados, de forma semelhante à Liga Europa. Marketing, estrutura, tradição... a CONMEBOL tem tudo para elevar suas competições a um patamar maior, e não o faz. Qual o papel do Dr. Nicolas Leoz afinal? É impossível que nenhuma das grandes cabeças da confederação tenha pensado nisso. Falta de boa vontade? Por que?

Voltando ao futebol nacional... nós ficamos emperrados por conta da própria CONMEBOL. Como melhorar o calendário interno seguindo o padrão antiquado da Confederação Sul-Americana? O simples alinhamento da Libertadores com a Sul-Americana resolveria o problema do apertado calendário de futebol no país. Principalmente na Copa do Brasil, que ficaria ainda mais acirrada caso tivéssemos o segundo semestre inteiro para dividí-la com o nacional, tal como ocorre na Inglaterra, Espanha, Itália, França, Holanda, Alemanha, dentre outros. Um semestre dedicado às Copas continentais, outro dedicado aos campeonatos nacionais. Uma alteração de credibilidade e qualidade.


A proposta é simples, como vocês podem ver no quadro acima. Os Estaduais com início mantido para o meio de Janeiro e fim em maio, como atualmente; e as competições Sul-Americanas começando entre Janeiro e Fevereiro, com finais no início de Julho (calendário atual da Libertadores). Como Libertadores e Sul-Americana já foram disputadas no primeiro semestre, o segundo tem espaço para acolher a Copa do Brasil, com a participação de TODOS os grandes times do país. O calendário do Campeonato Brasileiro segue inalterado. Essas mudanças possibilitam ainda a criação de uma nova competição, tradicional em países europeus - a super-copa nacional, disputada entre os campeões do campeonato nacional e da copa nacional do ano anterior. A Recopa Sul-Americana, por motivos óbvios, passaria a ser disputada no fim do ano, antes do início do Mundial de Clubes da FIFA de Dezembro.

Percebam... o calendário básico não mudou, foi apenas reorganizado. Este formato valoriza TODAS as competições disputadas, sem sobrecargas (isso contando, claro, com a quantidade de jogos que os clubes brasileiros diputam por temporada atualmente). No entanto, para uma melhor preparação dos clubes, contando com pré-temporada e calendário folgado, os Estaduais devem ser banidos, e o Campeonato Brasileiro ter duração de 10 meses, e não de apenas 7 como é hoje.

Chegamos a uma nova e importante questão... afinal, quanto vale um Estadual?
Acabar ou melhorar? Eis a questão...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Semana Agitada

A semana começou agitada nas principais competições continentais do mundo. Jogos de volta pelas semifinais da Champions League e Oitavas-de-final da Libertadores.

Na terça, o jogo mais esperado da semana, com o resultado final aguardado por todos. Classificação sem sustos do Barcelona para a grande final. Em jogo onde o Real precisava fazer grande resultado em pleno Camp Nou, entrou respeitando demais o adversário (apenas o melhor time do mundo há três anos), embora marcando em cima com eficiência. Cristiano Ronaldo apagado e Higuaín fora de forma deram a tonalidade do esforço madridista, com um Kaká apenas esforçado e Xabi Alonso destemperado. O Barcelona de certa forma aceitava a pressão merengue, embora – como sempre – tivesse o domínio da pelota. Na segunda etapa, um gol mal anulado de Higuaín esquentou o jogo. Poderia mudar a história da partida? Não sei. Sinceramente acho que não. O Barcelona é muito mais time, tem os três melhores jogadores do mundo em perfeita sintonia, e resolveu a parada no lance seguinte, com gol de Pedro. Aguerrido, Marcelo decretou o empate e tentou puxar o time. Tentou. Adebayor não entrou bem e merecia o vermelho por entradas ríspidas seguidas; e Özil entrou tarde. Noite de festa em Barcelona. Não pelo desempenho da equipe, ou tão somente pela vaga. A volta de Abidal após retirada de tumor no fígado foi muito festejada, apenas um mês após o procedimento cirúrgico. E da melhor forma.

Pela Libertadores, a noite, o Santos carimbou sua passagem para as quartas no melhor estilo Muricy Ramalho. Retrancado, jogou pelo regulamento, contou com a sorte e competência do goleiro Rafael – o nome da partida, garantiu o 0 no marcador nos 2.750 m da Cidade do México e saiu feliz da vida. Terá agora o recesso da Libertadores para se dedicar às finais do paulistão. E o América, que não escalou força máxima em nenhum dos confrontos contra o alvinegro praiano, o fará contra o Puebla, pela fase final do Mexicano, à qual volta integralmente suas atenções.

A quarta decidiria o rival do Barca na final da Champions. Se a vantagem era dos red devils, o dia definitivamente não era dos mineiros. O time de Gelsenkirchen sofreu em Old Trafford. Mesmo com time misto, o Manchester United passeou, com dois gols de Anderson e mais dois anotados por jogadores reservas (Valencia e Gibson), e matou a partida ainda no primeiro tempo, com direito a frangaço de Neuer. Mesmo descontando, o Schalke precisava de mais 3 gols no segundo tempo. E quando o time se lançou definitivamente ao ataque, Anderson tratou de jogar a pá de cal na cova azul. Agora, a ordem é foco total para o jogo do campeonato no domingo, contra o Chelsea, que poderá definir o título da Premier League ou até mesmo colocar o Arsenal novamente na briga.

A noite seria ainda mais emocionante. E mais desastrosa para os brasileiros. Quatro equipes jogavam suas vidas na Libertadores, e pela primeira vez na história da competição quatro equipes de um país são eliminadas nas oitavas... e no mesmo dia! Seria uma nova data para o calendário do futebol brasileiro? A noite do improvável começou no Beira-Rio. Com um Internacional completamente superior em campo, que abriu o placar logo no início do jogo e o controlava ao seu bel-prazer, o Peñarol construiu em seis minutos – os primeiros do segundo tempo – o drama colorado, retrancou, contou muito com a sorte e eliminou o atual campeão da competição. Gremistas pulavam de alegria, mas ainda era cedo. A equipe de Renato Gaúcho foi amplamente dominada pelo Universidad Católica, perdeu por 1 a 0, e também está fora da competição – placar esperado depois da derrota em pleno Olímpico na semana passada.

Mas não parava por aí. As duas equipes de melhor desempenho na primeira partida das oitavas ainda entrariam em campo. O Fluminense – o Time de Guerreiros – construiu bela vantagem no Engenhão e jogou no Defensores Del Chaco como se não o precisasse fazer. O Libertad, que não tem nada a ver com isso, provou duas coisas. Realmente não tem um time tão forte como sua condição de segunda melhor campanha da Libertadores o titula; e que o futebol, principalmente o sul-americano, não apresenta mais o abismo que separava equipes argentinas e brasileiras das demais. O alvinegro de Assunção jogou solto, com a bola no chão, e mereceu o placar largo de 3 a 0 sobre os campeões brasileiros. O Fluminense que se apresentou no Paraguai foi o mesmo do segundo tempo no Engenhão, que contou com sorte e individualidade para abrir a vantagem no duelo. E que com a mesma facilidade a deixou ruir. Parece-me que o Time de Guerreiros gosta mesmo de contrariar a matemática. Seja para o bem, seja para o mal.

Mas, definitivamente, a maior decepção foi celeste. Depois de vencer e convencer ao atuar na Colômbia e ganhar por 2 a 1, o Cruzeiro sucumbiu ante ao Once Caldas em Sete Lagoas. Roger perdeu a cabeça ao ser expulso em jogo de mata-mata, com a magnitude de uma Libertadores, e prejudicou muito o time. Que diga-se de passagem não foi sombra do Cruzeiro da primeira fase. Caiu na mesma armadilha que o Fluminense, ao achar que o confronto já estava decidido. E o treinador ficou de Cuca quente ao agredir descaradamente Rentería e ser expulso sumariamente. Fim melancólico do, sem dúvida, melhor time da competição e principal candidato ao título.

Halloween antecipado? Creio que não. Mas a bruxa estava solta Brasil afora nesta quarta!