quinta-feira, 17 de junho de 2010

Copa do Mundo - 1a Rodada

Uma rodada muito aquém do esperado. A frase pode ser representada estatisticamente pela menor média de gols da história das Copas - 1,56 gols por jogo. Acima de tudo, jogos truncados, sem tanta qualidade tática, mas com muita disposição (até mesmo exagerada, visto a ampla distribuição de cartões amarelos e vermelhos).



Como destaque positivo, a única estréia característica de uma real candidata ao título foi a da renovada Alemanha de Joachim Löw, que conseguiu agregar a sempre forte defesa alemã com um ataque tipicamente sul-americano, com toques rápidos e velocidade.



Argentina, Holanda e Brasil tiveram estréias apagadas, apesar das vitórias (merecidas, diga-se de passagem). Os hermanos tem um ataque de extrema potência, e a Nigéria sofreu com o mesmo. Porém, talvez pelo formato de contra-ataque dos verdes, o meio-campo alviceleste mostrou-se anencéfalo, e a defesa um verdadeiro caos (Don Diego terá trabalho). A versão renovada da laranja mecânica pegou uma forte Dinamarca pela frente, e apesar do nervosismo, contou com um pouco de sorte e arrancou a primeira vitória no mundial contra o adversário de maior qualidade dentre os três restantes do grupo. O Brasil mostrou mais uma vez que carece de um meia-armador de qualidade. Kaká, visivelmente sem ritmo de jogo e com receio de nova contusão, fez figuração no meio-campo. Robinho e Maicon foram os grandes destaques da equipe canarinho, que com a magra vitória pode se complicar.



Inglaterra e Itália estrearam com empates. No entanto, pelo domínio de jogo, formatação das jogadas ofensivas e consistência defensiva, a Inglaterra merecia melhor sorte contra um esforçado Estados Unidos (a imprensa inglesa, com razão, creditou a perda de 2 pontos ao arqueiro Green). No jogo da Itália, caso Lippi não utilizasse Camoranesi (mudou completamente a estratégia de ataque da azzurra e deu mobilidade ao meio-campo), a derrota para a boa equipe paraguaia seria certa. Mas o futebol demonstrado pelos italianos no segundo tempo é animador, e o empate foi justo.



A decepção da rodada, a grande zebra, foi a vitória da Suíça sobre a favoritíssima Espanha. A retranca vermelha foi fortíssima, e obrigou a uma mudança no estilo de ataque espanhol (com o meio congestionado, e sem jogadas rápidas de sucesso, a alternativa foi o chuveirinho). E em contra-ataque rápido, em jogada totalmente truncada, atabalhoada, o revés foi decretado.

A zebra está solta na África do Sul! O que nos reserva a próxima rodada?!

sábado, 12 de junho de 2010

Copa do Mundo - dia 2

COR 2 x 0 GRE

No confronto entre a maior força asiática da atualidade contra uma Grécia em processo de renovação, o esperado era uma vitória com relativa tranquilidade da equipe coreana. E foi exatamente o que foi vito no pimeiro jogo o dia. Em um jogo de ataque veloz contra uma defesa lenta e atordoada, o placar poderia ser mais elástico.

A Coréia, assim como nas eliminatórias asiáticas e nos amistosos pré-copa, entrou com tudo e partiu logo para o ataque. Apesar do susto inicial dos gregos, o domínio coreano foi amplo durante todo o jogo. Park Ji-Sung ditava o ritmo de jogo, e com a defesa grega em estado letárgico, Park Chu-Young tinha liberdade para transitar no comando de ataque. Otto Rehhagel parece ter armado o time para aproveitar os contra-ataques. No entanto, a equipe grega é velha, (a base é da campeã européia de 2004), e o time sentiu a ausência de Kyrgiakos e Salpigidis. Aliás, os poucos momentos de lucidez da apática equipe grega foram a partir da entrada do experiente atacante, decisivo para a classificação dos gregos para o mundial. Vitória justa da equipe coreana, que vai brigar pela vaga até a última rodada. Já a equipe grega, a julgar pela apresentação inicial, disputará o pior rendimento da competição.

ARG 1 x 0 NIG

Um dos jogos mais aguardados da primeira rodada do mudial, pelo conjunto nigeriano e a força ofensiva dos hermanos. O esperado era um jogo truncado no meio-campo, com jogadas rápidas pelas laterais e muitos gols. A aposta era em vitória apertada da seleção de Maradona, e foi o que aconteceu. No entanto, as equipes deixaram muito a desejar, principalmente a Argentina, franca candidata ao título.

O jogo começou pegando fogo. Em apenas 3 minutos, 3 chances claras de gol, duas para a Argentina e uma para a Nigéria. E o gol argentino saiu cedo, aos 6, em linda cabeçada de Heinze, livre de marcação na grande-área. A Nigéria não sentiu o golpe e continuou atacando, principalmente aproveitando os espaços deixados por Gutiérrez. Messi chamava o jogo, e a ofensividade argentina foi transformada em uma chuva de gols perdidos por Higuaín, até mesmo pela excelente atuação do goleiro Enyeama (o melhor em campo). A Nigéria também criava muitas chances, mas carecia de um "matador" (por incrível que pareça, até mesmo absurdo, Martins é reserva nesta seleção). O grande aspecto do jogo foi a "ausência" dos jogadores de meio-campo, uma região inóspita do relvado. A fragilidade do sistema defensivo argentino chama a atenção, e a mesma não foi vazada exclusivamente pela ineficiência do ataque nigeriano. Com o bom futebol apresentado pela Coréia do Sul, a vaga nigeriana, dada como certa por alguns analistas, está ameaçada. A Argentina, como esperado, passará de fase. Mas se don Diego não acertar a marcação no meio-campo e a zaga, a equipe alvi-celeste não irá longe na competição.

ING 1 x 1 USA

O favorito English team entrava em campo cercado por expectativas de apresentações melhores, tendo em vista as últimas partidas amistosas. O adversário não era fraco, e o vice-campeão da Copa das Confederações esperava ao menos o empate. Pela análise dos plantéis, a Inglaterra venceria o jogo com algumas dificuldades. Mas o que se viu foi a mesma Inglaterra que ganhou há duas semanas de um fraco Japão graças à dois gols-contra do sistema defensivo nipônico.

Os Estados Unidos entraram no relvado com a clara intenção de sair nos contra-ataques. E tiveram as oportunidades, porém a preocupação exacerbada em defender atrapalhava a saída rápida de bola, sempre pelos pés de Donovan e Dempsey. A Inglaterra dominou o jogo desde o início e Gerrard, em linda jgada trabalhada com Heskey, abriu o placar. Os Estados Unidos, aos poucos, equilibraram o jogo, e a Inglaterra perdia gols inacreditáveis. A reorganização do bom time americano foi recompensada com um "frangaço" do mais contestado dos arqueiros ingleses - Robert Green. Capello mandou o time ao ataque no segundo tempo, mas a pelota não chegava em Rooney. Heskey perdeu muitos gols, e segue na sina de não ser decisivo atuando pela seleção nacional. O English team melhorou com o recuo de Rooney, que passou a buscar as jogadas na meia ofensiva e tramar ataques com Lampard, bem marcado. Mas sem sucesso. Empate com sabor de vitória para os americanos, que ficam em situação confortável com este ponto arrancado heróicamente. Para o English team, alguns pontos precisam ser sanados:

1) Com James e Hart, por que escalar Green como arqueiro titular?
2) Com Heskey em litígio com as redes, Defoe é excelente opção.
3) Milner no lugar de Gareth Barry parece uma piada de mau gosto.

De certo mesmo, David Beckham faz falta como opção de jogo (coincidentemente, a lesão do astro do Milan coincidiu com a queda de rendimento do English team, no início do ano). Capello terá trabalho para reorganizar o ataque, totalmente dependente de Rooney.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Copa do Mundo - dia 1

AFS 1 x 1 MEX

No jogo de abertura da Copa, o esperado era um jogo equilibrado, e caso houvesse algum vencedor, pelo estilo de jogo, apostei na África do Sul. E o tom do jogo não destoou disso. Vimos em campo uma boa seleção mexicana, de toques rápidos e precisos, mas pouco objetiva. E uma África do Sul inicialmente nervosa, mas perigosa nos contra-ataques e com o estio "Parreira" bem implantado.

Após um início de jogo com amplo domínio e 2 chances claras de gol desperdiçadas, o México diminuiu o ritmo e a nervosa África do Sul equilibrou as ações. Enquanto o comando de ataque mexicano dependia da inspiração e objetividade de Carlos Vela e Giovanni dos Santos, a África do Sul dependia totalmente de Pienaar e Tshabalala. E justamente a falta de objetividade mexicana fez com que o marcador permanecesse inalterado ao fim da primeira etapa, apesar do domínio territorial extenso da equipe norte-americana.

Na volta do intervalo, Parreira foi pontual. Reforçou o setor defensivo direito, ponto alto dos ataques mexicanos, e aproximou a ligação entre defesa e meio. O resultado foi a inversão do panorama do primeiro tempo, e empurrados por mais de 80 mil vuvuzelas, os donos da casa abriram o placar em boa trama de contra-ataque rápido entre Pienaar e Tshabalala. A África do Sul queria mais, e a seleção mexicana sentiu o golpe. Com um pênalti claro não-marcado qunado o placar ainda era 1 a 0 e dois gols incríveis perdidos no fim do jogo, os Bafana-Bafana sofreram o empate em falha infantil da defesa, que atrasou a linha de impedimento, deixando Rafa Marquez livre para balaçar as redes ao 34.

Sensação de derrota para os donos da casa, que pelo futebol apresentado no segundo tempo mereciam a vitória.

URU 0 x 0 FRA

No único confronto de campeãs mundiais da primeira fase, um jogo morno. Pelo histórico recente, o esperado era um jogo truncado no meio-campo, e equilibrado no geral. Mas apesar do futebol burocrático, da pouca criatividade no meio-campo (Ribéry está sobrecarregado o comando de ataque esquerdo) e do ataque ineficiente (Anelka isolado entre 4 marcadores uruguaios) o que se viu foi um amplo domínio francês, com raríssimas chances uruguaias nos contra-ataques, todas dependentes de Forlán.

As duas equipes entraram em campo se estudando, e ao que parece saíram do relvado sem aprender. Apesar do domínio francês e do gol incrível perdido por Govou no início do jogo, o 0 a 0 foi justo. Deste jogo sem grandes emoções, podemos formular algumas perguntas:

1) Como Henry e Malouda são reservas neste time?
2) Com Ribery sobrecarregado, Malouda no banco, e sem Benzema... quem tem a função de criação dos bleus?
3) Raymond Domenech viu que este esquema de jogo é ineficiente há algum tempo e mesmo assim o mantém. O que ele espera com isso? Voltar mais cedo pra casa, provável.

4) Onde está o futebol da equipe uruguaia?
5) Forlán ficou sobrecarregado, armando as jogadas e tendo que finalizá-las. Será sempre assim?
6) O 4-4-2 clássico da equipe uruguaia é lento, e depende da ligação direta entre defesa e ataque. Óscar Tabárez manterá o esquema para a próxima partida?

Todas estas respostas em alguns dias... o que será que vai acontecer? Esse grupo é muito equilibrado, e a disputa só terminará na 3a rodada. Quem passa para as oitavas?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pré-Copa

Depois de algum tempo sem postar por motivos de força maior, este blog começa hoje a tratar sobre o tema de maior atenção mundial no âmbito esportivo - a Copa do Mundo, na África do Sul.



No maior evento do planeta, tudo pode acontecer. Vuvuzelas, Jabulani, zebras, arbitragem... fato é que tudo pode influenciar no resultado final. Favoritos? Sim, há alguns. Brasil, Argentina, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália, Holanda, Estados Unidos... Não, isso não é um erro. O futebol está em franca ascenção no país do Basquete e do Beisebol, e a seleção nacional não levou o vice-campeonato da Copa das Confederações à toa.

Claro que, dentre os favoritos, o peso da "camisa" conta muito. Se avaliarmos apenas o desempenho recente das seleções, a lista precisa ser alterada. Outrora em estado de graça, o English Team encontrou muitas dificuldades nos amistosos pré-Copa. Verdade que venceu todos, mas o futebol demonstrado é preocupante. Depois de uma vitória apertada (sinceramente, com sabor de derrota) contra a fraca Arábia Saudita por 3x2, a Espanha disse que não vai à Safari para a África do Sul após goleada contundente sobre a mediana e esforçada Polônia. A Itália, caso continue com o futebol burocrático que a levou à derrota contra o México em casa, estará fadada ao fracasso muito cedo na Copa. A seleção de Don Diego, no entanto, é grata surpresa. Após as dificuldades nas Eliminatórias Sul-Americanas, a Argentina é franca favorita após grandes exibições no ano corrente. A Laranja Mecânica não caiu de produção, e pode ser considerada a seleção européia com maiores probabilidades de título. A Alemanha, como o próprio Kaiser Franz Beckenbauer descreveu, cresce em Copas do Mundo. O Brasil de Dunga me lembra um pouco a equipe campeã de 94, com algumas diferenças - agora temos a melhor defesa do mundo, um ataque eficiente e um meio-campo que prefiro não comentar. Fato que está invicto, apresenta um futebol eficiente, mas que ainda não convence. E os Estados Unidos, se avaliarmos bem, está invicto neste ano, desenvolvendo um futebol vistoso, comandados por Dempsey, Donovan e Altidore.

A grande surpresa desta Copa não será a Costa do Marfim, tão pouco Camarões. A anfitriã, África do Sul, não deve chegar às semifinais (na verdade, nenhuma das seleções africanas mostra tal potencial), mas está invicta há 12 jogos, e em franco crescimento. Tecnicamente, Costa do Marfim tem um plantel respeitável, mas a seleção nunca jogou o que se esperava dos sempre favoritos no continente. Prova é a eliminação precoce na Copa das Nações Africanas. Gana e Camarões darão trabalho. Ouso dizer aqui que a seleção africana que merece maior atenção não está na Copa - o heptacampeão Egito.

Outras gratas surpresas podem ser as seleções de Sérvia e Uruguai, que estão crescendo na hora certa.

Fazendo uma análise rápida dos grupos, temos o seguinte (palpites em vermelho):

Grupo A: Comandada por Raymond Domenech, a França vai mal. Pelo histórico, é favorita a passar de fase, mas sua eliminação precoce não será surpresa alguma. A seleção mexicana, em processo de renovação, dará trabalho. A celeste olímpica conta com um sistema de ataque forte e um meio-campo ajeitado. Os Bafana-Bafana, empurrados pelo som das vuvuzelas e em crescente de produção, serão páreo-duro. África do Sul e Uruguai.

Grupo B: Don Diego parece estar acertando a mão no comando dos hermanos, e o time vai muito bem (apesar da defesa). A tradicional Nigéria tem seu Obinna no comando de ataque e é uma das 5 forças do continente africano. Bem nas últimas Copas, a Coréia do Sul já não apresenta o futebol das Eliminatórias Asiáticas. E a renovada Grécia, com plantel mediano, lutará pela segunda vaga do grupo. Argentina e Nigéria.

Grupo C: O English Team de Fabio Capello é franco favorito ao título, e não terá dificuldades em passar de fase. A disputa do primeiro lugar ficará restrita com os Estados Unidos, digno vice-campeão das Confederações, em jogo que promete. A força e desempenho da Argélia sumiram desde que despacharam os campeões africanos pro Saara. E apesar da boa campanha nas eliminatórias européias, a Eslovênia não tem muito a fazer nesta Copa. Inglaterra e Estados Unidos.

Grupo D: Apesar do mau momento do ataque e do desfalque do sempre perigoso Ballack, a Alemanha não deve encontrar dificuldades para passar de fase. Por sua vez, o bom futebol demonstrado nas eliminatórias asiáticas não parece ser suficiente para levar a Austrália a frente na competição. A Sérvia de Vidic e Stankovic está em estado de graça no setor ofensivo, mas carece de atenção na retaguarda. E Gana fará da sua força física a grande arma para seguir adiante. Alemanha e Sérvia.

Grupo E: A Holanda dispensa comentários. Robben e cia estão voando e despacharão todos os adversários na primeira fase. A Dinamarca passou bem nas eliminatórias européias, mas depende muito de Bendtner e está caindo de produção. Desde a saída de Zico, o Japão não faz grandes exibições, e vem a passeio. Já os leões indomáveis, comandados por Eto'o, prometem neste grupo. Holanda e Camarões.

Grupo F: Apesar do mau momento, a Itália não deve encontrar muitas dificuldades para seguir adiante neste grupo. O Paraguai vai se firmando como potência sul-americana, e é favorito neste grupo. Apesar da boa fase de Hamsik, a Eslováquia não deve ir muito longe. E a Nova Zelândia só está na Copa porque não disputou a vaga com a Austrália. Itália e Paraguai.

Grupo G: Considerado por alguns como o grupo da morte. Apesar das críticas da imprensa pelo estilo de jogo, o Brasil é franco favorito. Costa do Marfim tem uma boa seleção, e agora nas mãos de Sven-Goran Erickson pode surpreender. Portugal tem Ronaldo-dependência, está sem Nani, mas Deco está em grande. E a Coréia do Norte não deverá ver sua seleção na Copa, já que Kim-Jong Il só vai permitir a transmissão de VTs com vitórias de sua seleção no país. Brasil e Portugal.

Grupo H: A Espanha pode se orgulhar por ter o melhor time principal do planeta, segundo a FIFA, e fará por onde mostrar tal superioridade. O Chile, comandado por El Loco Bielsa, apresenta futebol alegre e ofensivo, e dará muito trabalho. A Suíça está com um grande problema - além de não ter um ataque tão eficiente, sua defesa já não é tão consistente quanto a da Copa de 2006. E Honduras disputará com a Coréia do Norte o pior desempenho da competição. Espanha e Chile.